sexta-feira, 14 de agosto de 2015


Questão 3 do relatório


O 14-BIS
Depois de empreender catorze projetos, alguns não tendo apresentado os resultados esperados,
além de passar dezenas de horas em vôo, Santos Dumont concluiu que os aeróstatos - forma genérica que
designava os balões e os dirigíveis - eram lentos demais e, que para vencer a resistência do ar e voar mais
depressa, teria que criar um aparelho mais pesado que o ar.
Então, Santos Dumont assim o fez: planejou, construiu o seu “Mais-Pesado-Que-o-Ar” e iniciou
uma série de testes, que incluíram verificação de eficiência, comportamento no ar e estabilidade, feito por
intermédio de um cabo de aço esticado entre dois postes e, após içar seu engenho, fê-lo deslizar sobre
aquele, puxado por dois burrinhos.
Cauteloso e prudente que era, Santos Dumont não quis levantar vôo, correndo riscos; entretanto,
apesar de suas limitações, o balão ainda era o meio de transporte aéreo mais seguro que existia, de modo que
o inventor aproveitou esta qualidade num aparelho misto, apenas para fins experimentais. Consistia no conjunto composto pelo dirigível “Nº 14”, ao qual foi atrelado o seu novo engenho, uma aeronave feita de
bambu, com ligas, interseções e cantoneiras de alumínio, revestimento de seda japonesa e, com as seguintes
medidas: 11,5 metros de envergadura (medida das asas, tomada de uma ponta à outra), 10 metros de
comprimento e 290 kg. Este conjunto foi denominado pelos amigos e pessoas que costumavam assistir às
experiências de Santos Dumont, de 14-Bis.
Mesmo tendo em mente o caráter provisório do conjunto, Santos Dumont o manteve, pois enquanto
o balão “Nº 14” erguia o aeroplano, evitava acidentes e protegia de possíveis falhas durante a decolagem,
aterrisagem e o mantinha no ar, permitindo que fossem realizados os testes de comportamento em vôo, sem
riscos de queda.
Em julho de 1906, o aeroplano de Santos Dumont foi emancipado do balão “Nº 14”, porém seu
nome permaneceu: 14-Bis; ocorrendo após isto, seus primeiros testes. Pouco depois, seu construtor o inscreveu para disputar o Prêmio Archdeacom.
Ernest Archdeacom, aficionado da aviação, estabeleceu um prêmio, no valor de 3.000 francos para
o piloto que conseguisse voar 25 metros, com um aparelho mais-pesado-que-o-ar. O Aeroclube da França
acrescentou mais 1.500 francos, como prêmio, para o piloto que conseguisse cobrir a distância de 100
metros em vôo.
Ficou estabelecida a manhã do dia 23 de outubro de 1906, para a realização da prova do concurso.
Apenas Santos Dumont se apresentou, juntamente com o seu 14-Bis; porém, como o aeroplano teve problemas de ordem mecânica em seu trem-de-pouso, nos momentos que antecederam a prova; esta foi adiada
para a parte da tarde e, até lá, Santos Dumont empreendeu todos os seus esforços nos reparos de seu avião,
não parando nem mesmo para almoçar.
Chegada a tarde e, já tendo executado os ajustes necessários, Santos Dumont e o 14-Bis, realizaram
o feito. Grande multidão que se encontrava no Campo de Bagatelle, assistiu à conquista do Prêmio Archdeacom,
quando o 14-Bis, depois de tomar embalo e percorrer, em vôo, 60 metros a 80 centímetros do solo.
Era a primeira vez, diante de uma comissão oficialmente constituída - a Comissão Fiscalizadora do
Aeroclube da França - que um aparelho mais-pesado-que-o-ar se elevava do solo e tornava a descer,
depois de ter cumprir um percurso previamente determinado, sem recorrer a outros meios, além de sua
própria força motriz.
A imprensa mundial aclamou a vitória do brasileiro e, a partir de então, Santos Dumont tornou-se
tema de noticiários e comentários em toda a Europa. Logo, porém, apareceram descrentes de sua façanha,
alegando ter sido, o vôo do 14-Bis, um “salto”. A estes, Alberto Santos Dumont respondeu no mês seguinte,
a 12 de novembro, ao conquistar, também, o prêmio oferecido pelo Aeroclube da França e, desta vez, não
deixou margem para dúvidas: dos seus 24 cavalos de seu motorzinho, o 14-Bis cruzou, novamente, no céu,
a distância de 220 metros, erguendo-se à altura de 6 metros. Inaugurando assim, de forma inequívoca e
definitiva, a Centenária Era da Aviação.

Fonte:http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao12/materia02/texto02.pdf

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